Tecnologia e cuidado: atendimento veterinário à distância cresce entre tutores

Com regulamentação e olhar responsável, esse modelo de atendimento aproxima tutores e profissionais, ampliando o acesso à saúde animal com ética e sensibilidade

Uma das cenas mais comuns na rotina de quem convive com animais é aquela dúvida que aparece do nada: será que isso é grave? Preciso levar agora? Dá pra esperar? E o que fazer até lá? São perguntas que ganham ainda mais peso quando o tutor não tem uma clínica por perto, está sozinho com o pet em casa ou simplesmente não consegue sair no meio da correria do dia.

A realidade é que, por mais que o amor pelos animais seja imenso, nem sempre o acesso à medicina veterinária é simples. Barreiras geográficas, agendas apertadas, limitações físicas ou financeiras, tudo isso pode atrasar decisões importantes sobre a saúde dos pets. E foi justamente nessa lacuna que a telemedicina veterinária começou a se consolidar como uma ferramenta valiosa. Não como substituta da consulta presencial, mas como uma ponte entre o tutor e o cuidado necessário.

Aprovada e regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, a telemedicina é uma alternativa segura e cada vez mais presente no dia a dia de profissionais atentos às mudanças de comportamento dos tutores. “A rotina mudou, e a forma como as pessoas cuidam dos seus animais também”, explica a médica veterinária Débora Olindina Macedo Lopes, fundadora da PetLândia, clínica localizada em Fortaleza. “O que percebemos é que muitos tutores não querem negligenciar os cuidados, mas às vezes não conseguem buscar atendimento presencial com a frequência que gostariam. A telemedicina entra aí, como suporte, como orientação, como triagem.”

Débora atua com foco em cães e gatos, com especialização em nutrição preventiva e formação contínua em dermatologia veterinária. Segundo ela, a escuta qualificada e a clareza nas orientações fazem toda a diferença para o tutor, especialmente em situações de incerteza. “Em muitos casos, uma conversa bem conduzida, com direcionamento preciso, já resolve. Outras vezes, conseguimos identificar a urgência de forma precoce e orientar com assertividade.”

Mais do que resolver dúvidas pontuais, o atendimento remoto tem se mostrado eficaz para acompanhamentos, reavaliações, orientações sobre mudanças alimentares, comportamento e manejo. É uma forma de não deixar o tutor sozinho no processo — principalmente em casos crônicos ou em situações onde uma consulta presencial imediata não é viável.

Mas, como destaca a veterinária, é essencial manter o compromisso ético que sustenta toda a prática médica. “Telemedicina não é improviso nem economia de recursos. É uma forma complementar, que precisa ser conduzida com responsabilidade e limites técnicos muito bem definidos. Se for necessário um exame físico ou uma intervenção, o atendimento presencial continua sendo indispensável”, reforça.

A experiência da PetLândia mostra que, quando bem aplicada, a tecnologia aproxima, informa e acolhe. E isso tem impacto direto na saúde dos animais, mas também no emocional dos tutores, que se sentem mais seguros para tomar decisões e participar ativamente dos cuidados.

No fim das contas, o que está em jogo é a continuidade do vínculo entre o tutor e o profissional de confiança. Porque cuidar de um animal não começa (nem termina) na mesa de atendimento. Começa na escuta, passa pelo entendimento, e continua no acompanhamento, mesmo quando feito através de uma tela.

Para acompanhar mais conteúdos sobre saúde, nutrição e bem-estar animal, siga a Dra. Débora no Instagram @debora_nutrivet.